terça-feira, 25 de janeiro de 2011

UM MODELO DE IGREJA QUE AGRADA A DEUS

RESENHA DO LIVRO:

BARRO, Jorge H. Uma Igreja sem propósitos. São Paulo: Mundo Cristão, 2004. 234 p.

Jorge Henrique Barro é diretor da Faculdade Teológica Sul Americana em Londrina no Paraná, organiza um livro tratando da análise contextual das sete Cartas envidadas as Igrejas citadas do Livro do Apocalipse, relacionando-as com os modelos existentes hoje.
Seu livro pode ser dividido em duas partes. Na primeira parte, o autor apresenta cinco Igrejas que não agiam de acordo com os propósitos de Deus.
A Igreja de Éfeso era aquela que trabalhava na obra do Senhor e observava a doutrina dos Apóstolos. Contudo, não era motivada pelo amor solidário. Suas práticas e seu comportamento ético não estavam envolvidos com a solidariedade para com os irmãos. Hoje, muitas Igrejas Evangélicas podem ser comparadas com a Igreja de Éfeso. Igrejas que trabalham para Deus, fazem coisas para Deus, mas não experimentam esse Deus no irmão. É preciso buscar um modelo de Igreja que encontre na pessoa do outro o amor solidário. Que procure servir e estar a serviço do próximo e que volte às práticas do primeiro amor.
Ao analisar a Igreja de Pérgamo, faz-se referência ao joio no meio do trigo apresentado no capítulo 13 do Evangelho de Mateus. A carta faz uma exortação aos membros que negavam a fé e eram influenciados por falsos ensinamentos.
A falta de maturidade nas Escrituras bíblicas que caracterizava a Igreja de Pérgamo, também pode ser encontrada hoje em nosso meio. Devido ao grande crescimento numérico das Igrejas evangélicas, o número de pastores aumentou e em conseqüência, a qualidade do ensino da Palavra está deficiente. Prega-se mais uma Teologia da Prosperidade que uma Teologia de Cruz. Mais facilidades que renúncia e mudança de vida. Busca-se mais a fama e glória pessoal que o próprio Cristo. Assim, corre-se o risco de divinizar o que é humano adorando mais a criatura do que o Criador. É preciso voltar para as Escrituras e procurar nelas um modelo de Igreja que agrada a Deus.
Contudo, não podemos nos esquecer que a doutrina caminha de mãos dadas com a pureza e santidade. A Igreja de Tiatira era um excelente modelo de Igreja: séria em sua vida pública, exercitava a fé e o amor solidário e progredia aos olhos do Senhor. Porém, a libertinagem tomou conta da Igreja. Não se preocupava com a santidade e tolerava a subversão e a infidelidade a Deus. Essa tolerância ao pecado que aos poucos se infiltrava dentro da Igreja, distanciava cada vez mais a comunidade de Tiatira da mensagem do Evangelho.
Torna-se necessário compreender que, o crescimento numérico, o amor e o serviço ao próximo são essenciais a vida da Igreja. Porém, não podemos permitir que isso seja motivo para a destruição dos princípios do Evangelho. Precisamos amar as pessoas, e não amar o pecado das pessoas.
A Igreja de Sardes, citada no capítulo três do livro de Apocalipse, caracterizava-se por sua aparência e por seu cristianismo nominal. Nela, o objetivo não era a glória de Deus, mas o palco e a fama. Uma Igreja mais conhecida e que aparece mais que o próprio Cristo. Mas, alguns poucos não se contaminaram e, ainda que no anonimato, esses poucos seriam o meio para a renovação espiritual dessa comunidade. Era preciso acabar com a fachada e tornar a Igreja de Sardes compromissada com o Reino, uma Igreja com o propósito de agradar a Deus e não aos homens.
Ao falar sobre a Igreja de Laodiceia, é apresentado uma Igreja sem o propósito de uma espiritualidade fervorosa e comprometida. Novamente aparecem os cristãos nominais. Estes, não são quentes e nem frios. Não possuem uma espiritualidade comprometida com a proclamação do Reino. Possuem uma fé apenas de nome, sem uma práxis de vida na sociedade e sem relacionamento com o próximo. Mas, é preciso tomar cuidado, pois contrário também pode ser nocivo. Não podemos viver de ação social sem o calor do Espírito Santo de Deus. É preciso uma integralidade entre a fé crida e a fé vivida.
Na segunda parte, o autor apresenta duas Igrejas estão agindo com propósitos de perseverança e fidelidade ao Senhor.
Ao analisar a Igreja de Esmirna, encontramos uma Igreja perseverante. Nela, a mensagem da cruz é vivida de forma literal e com esperança da vitória.
Nos primeiros séculos depois de Cristo, a Igreja primitiva experimentou uma era de muitos martírios. Cristãos que sabiam o verdadeiro valor do Evangelho, não negavam sua fé ainda que diante da própria morte.
Esmirna sabia dos sofrimentos que viriam por causa da sua Proclamação do Evangelho, mas continuava perseverante.
Jesus se identifica com a Igreja que o segue. E seguir Jesus é tomar sua cruz e ir após ele, na certeza de que Ele segue junto e não nos abandonará jamais.
Aparentemente a Igreja de Esmirna era pobre. Contudo, aos olhos do Senhor era rica. Ainda que não possuísse bens materiais ela possuía a mensagem da Cruz como o bem maior.
Como a Igreja de Esmirna, também a Igreja de Filadélfia não negou o nome de Jesus. Ao contrário, era obediente a palavra e compromissada com o próximo. Por ter guardado a palavra, Filadélfia tinha uma promessa do Deus todo poderoso de que este, a guardaria da hora da provação.
Enfim, o livro nos coloca diante da real situação de nossas Igrejas e nos exorta a imitar a Cristo, tendo-o como modelo único de fé e práxis. O Evangelho não pode ser uma mensagem de facilidades, mas de experiências de vida, de sofrimento e da ação do nosso Deus em meio a lutas, nos dando a certeza da vitória. É importante ressaltar que, para os pecados de cada Igreja existe um chamado ao arrependimento e uma nova proposta de viver de acordo com os propósitos de Deus.

Renilda Antunes

Nenhum comentário:

Postar um comentário