terça-feira, 25 de janeiro de 2011

DISCURSO DE FORMATURA - TEOLOGIA 2008 - FATE / IZABELA HANDRIX


Ilustríssimos componentes da Mesa, amados pais, mestres, amigos e familiares aqui presentes, boa noite.

Quando me foi proposto o desafio de ser oradora da nossa turma, neste momento tão importante na vida de cada colega formando, compreendi que era a hora de registrar no papel quão grande é a nossa alegria por estarmos vivenciando o dia de hoje.

Chegamos ao fim de mais uma jornada. Mas antes do fim, podemos pensar no início. Pensar no momento em que tomamos a decisão de fazer Teologia, embora nem ao menos soubéssemos a complexidade dessa palavra.

O primeiro impacto talvez tenha começado com o livro que foi preciso ler para fazer o vestibular: Cristianismo com a Cara do Brasil de Reinaldo Rocha. Ali mesmo fomos levados a "teologizar". Levados a questionar sobre a Evangelicidade e Brasilidade, sobre o vocabulário etnocêntrico e outros cacoetes que só mesmo nós “os evangélicos” compreendíamos.
Ainda não havíamos questionado sobre nossa origem importada da outra cultura. Bem, foi possível compreender de início que a teologia que nos propúnhamos a iniciar deveria ter a cara do Brasil.
Assim, começamos nossa história acadêmica: era preciso contextualizar a teologia, bem como aplica-la em nosso dia-a-dia. Isso foi possível através de várias disciplinas que nos permitiu criar, a partir da nossa realidade, uma nova maneira de vivenciar a fé cristã.
Muitas foram as discussões e muitas foram as vezes que percebíamos que nosso mundo estava sendo desconstruído e, aí, tínhamos a responsabilidade de construí-lo novamente sem, contudo, perder a fé e o temor ao nosso Deus.

Quantas filosofias! Quanto conhecimento! Nada disso foi em vão. Pelo contrário, essa nova forma de pensar a teologia nos fez de novo. Abriu-nos ao novo, ao outro. Permitiu-nos ser mais tolerantes. Abriu as portas para o diálogo. Fez com que buscássemos em outras culturas, em outras formas de viver a fé, aquilo que nos une e que pode ser somado.
Nos fez pessoas mais espirituais, mas de uma espiritualidade comprometida com a promoção humana. Uma espiritualidade que transforma e ressignifica a vida.

Nesses quatro anos de convivência, foi possível conhecermos cada pessoa. Muitos alunos se destacaram. Alguns como questionadores; outros pela capacidade de expressão e liderança; outros pela organização e pontualidade na entrega dos seus trabalhos (aqueles que chamávamos de xiitas). Outros ainda pelos momentos que dormiam em sala de aula e mesmo tendo dormido tanto conseguiram estar presente nessa festa. Outros ainda, chamaram a atenção pelo "toc toc" impaciente dos pés. Há também aqueles que foram verdadeiros exemplos de dedicação e persistência. E como não poderia faltar, aqueles responsáveis por alegrar todas as aulas e motivar os amigos.

Nesses quatro anos, vivenciamos de tudo: alegrias, tristezas, namoros, paixões, brigas, desentendimentos, casamentos, nascimentos (e quantos nascimentos, quase um por semestre), tudo!

Conhecemos lugares, pessoas, coisas e culturas diferentes.

Degustamos novos sabores, novos saberes, percebemos novas visões. Nós mudamos!!!
Enfrentamos situações diversas: boas, ruins, agradáveis, desagradáveis, legais, normais, chatas, mas com certeza, todas elas são e sempre serão únicas e inesquecíveis.
Muitos tentaram. Alguns ficaram pelo caminho. Outros, simplesmente desistiram. Mas nós, lutamos! Lutamos muito! Muitas vezes, nos perdemos, mas nos encontramos. Aliás, vamos acabar de vez com o assunto de que teologia descontrói a fé. Bem como diz o mestre e doutor Pastor Sidney somos nós quem respondemos ás nossas próprias perguntas. Nos foi ensinado a aperfeiçoar o diálogo e apresentar um discurso maduro.

Mesmo diante de tantos acontecimentos não conseguimos cancelar aquelas 400 páginas de relatórios de leitura da professora Susie, e nem mesmo o livreto do professor Ailton. E quem já conseguiu negociar alguma falta com a professora Daniela, ou fugir das provas orais da professora Milena? Mas tudo isso serviu para nossa disciplina e aprendizado
.
Ahhh... e por falar em trabalhos... tem ainda o projeto bomba: a monografia. Essa sim, rendeu horas de biblioteca... aliás, noites... acampamento na biblioteca.... férias na biblioteca... Mas valeu a pena! Foram diversos os assuntos: divórcio, terceira idade, ecologia, água, responsabilidade social, eleição, diálogo inter-religioso, família, arte, graça e como não podia faltar... teve até kirkegard.

Cada um de nós tem uma história. Não serão apenas três minutos dados neste discurso que irão contar ou resumir o que passamos em particular para chegarmos até aqui.

Tenho certeza que a minha história não é a sua história. Mas uma coisa temos em comum: um objetivo, um porquê. E bem disse Nietzche, que “quem tem um porquê viver é capaz de suportar quase qualquer como”.

Nó chegamos! Conseguimos! Não importa "o como"... Nós vencemos!

Renilda Antunes
(discurso apresentado em 17/07/08 na colação de grau da Turma de Bacharel em Teologia do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix)





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