Ilustríssimos componentes da Mesa, amados pais, mestres, amigos e familiares aqui presentes, boa noite.
Quando me foi proposto o desafio de ser oradora da nossa turma, neste momento tão importante na vida de cada colega formando, compreendi que era a hora de registrar no papel quão grande é a nossa alegria por estarmos vivenciando o dia de hoje.
Chegamos ao fim de mais uma jornada. Mas antes do fim, podemos pensar no início. Pensar no momento em que tomamos a decisão de fazer Teologia, embora nem ao menos soubéssemos a complexidade dessa palavra.
O primeiro impacto talvez tenha começado com o livro que foi preciso ler para fazer o vestibular: Cristianismo com a Cara do Brasil de Reinaldo Rocha. Ali mesmo fomos levados a "teologizar". Levados a questionar sobre a Evangelicidade e Brasilidade, sobre o vocabulário etnocêntrico e outros cacoetes que só mesmo nós “os evangélicos” compreendíamos.
Ainda não havíamos questionado sobre nossa origem importada da outra cultura. Bem, foi possível compreender de início que a teologia que nos propúnhamos a iniciar deveria ter a cara do Brasil.
Assim, começamos nossa história acadêmica: era preciso contextualizar a teologia, bem como aplica-la em nosso dia-a-dia. Isso foi possível através de várias disciplinas que nos permitiu criar, a partir da nossa realidade, uma nova maneira de vivenciar a fé cristã.
Muitas foram as discussões e muitas foram as vezes que percebíamos que nosso mundo estava sendo desconstruído e, aí, tínhamos a responsabilidade de construí-lo novamente sem, contudo, perder a fé e o temor ao nosso Deus.
Quantas filosofias! Quanto conhecimento! Nada disso foi em vão. Pelo contrário, essa nova forma de pensar a teologia nos fez de novo. Abriu-nos ao novo, ao outro. Permitiu-nos ser mais tolerantes. Abriu as portas para o diálogo. Fez com que buscássemos em outras culturas, em outras formas de viver a fé, aquilo que nos une e que pode ser somado.
Nos fez pessoas mais espirituais, mas de uma espiritualidade comprometida com a promoção humana. Uma espiritualidade que transforma e ressignifica a vida.
Nesses quatro anos de convivência, foi possível conhecermos cada pessoa. Muitos alunos se destacaram. Alguns como questionadores; outros pela capacidade de expressão e liderança; outros pela organização e pontualidade na entrega dos seus trabalhos (aqueles que chamávamos de xiitas). Outros ainda pelos momentos que dormiam em sala de aula e mesmo tendo dormido tanto conseguiram estar presente nessa festa. Outros ainda, chamaram a atenção pelo "toc toc" impaciente dos pés. Há também aqueles que foram verdadeiros exemplos de dedicação e persistência. E como não poderia faltar, aqueles responsáveis por alegrar todas as aulas e motivar os amigos.
Nesses quatro anos, vivenciamos de tudo: alegrias, tristezas, namoros, paixões, brigas, desentendimentos, casamentos, nascimentos (e quantos nascimentos, quase um por semestre), tudo!
Conhecemos lugares, pessoas, coisas e culturas diferentes.
Degustamos novos sabores, novos saberes, percebemos novas visões. Nós mudamos!!!
Enfrentamos situações diversas: boas, ruins, agradáveis, desagradáveis, legais, normais, chatas, mas com certeza, todas elas são e sempre serão únicas e inesquecíveis.
Muitos tentaram. Alguns ficaram pelo caminho. Outros, simplesmente desistiram. Mas nós, lutamos! Lutamos muito! Muitas vezes, nos perdemos, mas nos encontramos. Aliás, vamos acabar de vez com o assunto de que teologia descontrói a fé. Bem como diz o mestre e doutor Pastor Sidney somos nós quem respondemos ás nossas próprias perguntas. Nos foi ensinado a aperfeiçoar o diálogo e apresentar um discurso maduro.
Mesmo diante de tantos acontecimentos não conseguimos cancelar aquelas 400 páginas de relatórios de leitura da professora Susie, e nem mesmo o livreto do professor Ailton. E quem já conseguiu negociar alguma falta com a professora Daniela, ou fugir das provas orais da professora Milena? Mas tudo isso serviu para nossa disciplina e aprendizado
.
Ahhh... e por falar em trabalhos... tem ainda o projeto bomba: a monografia. Essa sim, rendeu horas de biblioteca... aliás, noites... acampamento na biblioteca.... férias na biblioteca... Mas valeu a pena! Foram diversos os assuntos: divórcio, terceira idade, ecologia, água, responsabilidade social, eleição, diálogo inter-religioso, família, arte, graça e como não podia faltar... teve até kirkegard.
Cada um de nós tem uma história. Não serão apenas três minutos dados neste discurso que irão contar ou resumir o que passamos em particular para chegarmos até aqui.
Tenho certeza que a minha história não é a sua história. Mas uma coisa temos em comum: um objetivo, um porquê. E bem disse Nietzche, que “quem tem um porquê viver é capaz de suportar quase qualquer como”.
Nó chegamos! Conseguimos! Não importa "o como"... Nós vencemos!
Renilda Antunes
Renilda Antunes
Excelente!!!
ResponderExcluirDepois de quase 06 anos... eu chorei ao ler!
ResponderExcluirAmei ler isso! Saudades do nosso tempo acadêmico
ResponderExcluirMe veio a cena perfeita na mente daquela noite! Saudades
ResponderExcluir